Simplicidade e Verdade

Pensar sobre como Jesus, sendo Deus, não julgou o ser igual a Deus algo a que precisasse se aferrar, mas que Ele a Si mesmo se esvaziou, se humilhou, tomou a forma de um escravo e foi obediente até a morte e morte de cruz é algo assombroso.

Pensando nisto eu aprendo que quem é não precisa provar que é. Simplesmente é.

A afetação, a extravagância, a ostentação, a falta de modéstia, a arrogância, a exibição, a presunção, o ar de superioridade, o orgulho e a vaidade são doenças da alma de quem precisa provar que é algo ou alguém, por causa de suas próprias inseguranças, incertezas, imaturidades e necessidade de autoafirmação.

Nós podemos ter estas necessidades, mas Deus não tem nenhuma delas.

Ele é.

E tudo mais só veio a ser a partir dele.

Deus não se torna mais santo, porque eu digo que Ele é Santo. Ele não se torna mais Poderoso, porque eu declaro que Ele é poderoso. Ele é, independente do que eu digo ou acredito que Ele seja.

Ele é.

Deus não precisa ser afirmado como Deus. Ele é Deus. Ninguém o fará mais do que Ele já é e ninguém o fará menos do que Ele é. Ele simplesmente é.

Deus disse a Moisés: EU SOU O QUE SOU.

Ele é e tudo mais veio a ser.

Mas quando nós deixamos de crer no único Deus que existe e que Se revelou na pessoa de Jesus Cristo, e passamos a acreditar em um Deus que nós mesmos criamos à nossa própria imagem e semelhança, ou, então, no Deus criado à imagem e semelhança de outras pessoas ou das inúmeras religiões humanas, nós começamos a ter uma ideia distorcida de quem Ele realmente é.

Porque se eu quero conhecer a Deus, a única forma é olhando para Jesus.

Ninguém jamais viu a Deus, escreveu João, “o Deus unigênito que está no seio do Pai é quem o revelou”.

Jesus é a imagem do Deus invisível e a exata expressão do Ser de Deus. Ele disse: “Quem vê a mim, vê o Pai. Eu e o Pai somos um”.

É aí que olhando para Jesus, nas páginas dos Evangelhos, eu encontro alguém que não precisa provar nada sobre Si mesmo.

Ele, simplesmente, é quem é.

As pessoas são livres para crer ou não.

Com extrema singeleza, naturalidade, liberdade, leveza e simplicidade, Jesus vai caminhando, vivendo, pregando, ensinando, fazendo o bem, curando, libertando, alimentando, consolando e cumprindo a vontade do Pai Celestial.

E tudo que Ele faz, Ele o faz sem afetações, sem alardes, sem espetáculos, sem extravagâncias, sem exageros, sem modismos, sem imposições, sem ameaças, sem controle, sem apelos emocionais irresistíveis, sem constrangimentos, sem pressões, sem exibições, sem atuações, sem alarmismos, sem megalomanias, sem manipulações, sem mistificações, sem criar movimentos, sem usar ninguém, sem expor, desrespeitar, esmagar a alma ou desnudar ninguém diante dos outros, sem frases de efeito, sem palavras milagrosas, sem jargões, sem fórmulas, sem receitas, sem respostas prontas ou coisas parecidas.

Ele cura e envia os curados de volta para a vida. Ele liberta e manda os libertos de volta para casa. Ele alimenta as multidões e as deixa ir em paz. Os louvores, a gratidão e o assombro são todos espontâneos e voluntários. Acontecem. Nada é cobrado. Tudo é de graça. Tudo é graça. Tudo é motivado, única e exclusivamente, pelo Seu amor e por quem Ele é.

Jesus nunca transforma os milagres que realizou em espetáculos. Nele, tudo é apenas o que é.

Porque quem é não precisa provar que é. E Jesus é.

Ele sempre foi, é e sempre será.

E, justamente, por isto é que Ele mesmo se esvaziou; se humilhou; se fez semelhante a um escravo e obedeceu até a morte e morte de cruz. Ele disse que a Sua vida, ninguém a tirava dele, mas Ele mesmo a entregava.

Pense que nenhuma destas coisas fez com que Ele se tornasse menos do que Ele era. Pelo contrário, a Bíblia diz que, por causa disto, o Pai lhe deu o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobrem todos os joelhos dos que estão em cima nos céus, em baixo na terra e até debaixo da terra e que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor.

Isto me faz ver que o caminho de Jesus sempre é o da simplicidade, singeleza, humildade, modéstia, respeito, graça, liberdade e verdade do coração.

Não há nele nenhum traço de arrogância, superioridade moral, imponência ou orgulho. Ao contrário, Ele é manso e humilde de coração, simples e singelo.

Em um determinado momento, Ele diz que as raposas têm os seus covis e as aves dos céus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Mas não o faz com autopiedade, mas para mostrar que quem quiser segui-lo, precisa aprender este caminho.

Seguir a Jesus não é o caminho para o estrelato. Não é o caminho para ser um astro, um ícone ou um ídolo. Não é o caminho da fama, dos outdoors da existência, do poder, das riquezas, da grandeza aos olhos do mundo, do reconhecimento social e público ou da glória humana.

Pelo contrário, Jesus disse que “se a mim odiaram, odiarão a vocês também”. E isto porque não conhecem o Pai Celestial.

O caminho de Jesus o levou a uma Cruz. Mas pela alegria que lhe estava proposta Ele a suportou, desprezando a afronta e a vergonha.

No livro de Hebreus se diz que se nós realmente queremos seguir a Jesus, devemos sair a Ele, fora dos portões, levando o Seu vitupério.

Porque o Caminho de Jesus não é dentro da “Cidade Santa”, no lugar da religião, à luz dos holofotes, cobertos de paramentos e ao som das trombetas; mas, sim, lá fora, na estrada poeirenta da vida, seguindo os Seus passos, vivendo o Evangelho, a graça, a compaixão, a misericórdia, a solidariedade, a bondade, a simplicidade e a verdade, um dia de cada vez.

Jesus é simples, singelo, humilde, livre e verdadeiro.

E lendo os Evangelhos, eu aprendo que Jesus nos chama a seguirmos este caminho de simplicidade e verdade do coração.

Porque, como escreveu o salmista sobre Deus: “Tu amas a verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria”.

E como Paulo escreveu: “Ele, Jesus, morreu por todos, para que aqueles que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”.

Pense sobre isto.

Paulo Cardoso

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