Andam questionando a sua fé?

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Talvez você esteja me lendo em meio a um profundo sofrimento. Você tem muitas perguntas, mas poucas respostas, muitas dores, pouco alívio.

Nós vivemos em um mundo em que o sofrimento é algo mais comum e presente do que qualquer um de nós desejaria, e você sabe, tanto quanto eu, que só entende mesmo o que é sofrer quem está sofrendo e só entende o quanto dói, quem está sentindo a dor.

Honestamente, eu penso que nós, que dizemos que seguimos a Jesus, muitas vezes, somos muito mais parecidos com os “amigos de Jó” e com os escribas e fariseus do tempo de Cristo do que com Aquele que a Bíblia chama de “homem de dores, servo sofredor e que sabe o que é padecer”; especialmente, quando o assunto é dor, sofrimento e perguntas sem respostas.

Parece que muitos sentem uma necessidade doentia de ter uma resposta pronta para dar para cada pergunta que surge, especialmente quando se relaciona à vida de outras pessoas. Nós temos uma facilidade incrível de saber o que está errado e fora de lugar na vida dos outros e como tudo poderia ser facilmente resolvido.

Quando estamos sofrendo, logo, aparece gente dizendo saber a razão porque isto ou aquilo nos aconteceu: querendo nos dar “uma revelação”; uma “visão”; uma “palavra dos céus” ou “um recado”. Já viu isto?

É simplesmente incrível a necessidade que muita gente tem de falar nestes momentos em que a maior sabedoria está no silêncio, na humanidade compartilhada, na compaixão, na oração e na solidariedade.

Parece que para muitas pessoas é como se a vida fosse uma simples equação matemática em que todas as respostas são lógicas e fáceis, desde que se conheça a fórmula certa. Mas a vida não é uma equação matemática, e, sinceramente, não existem fórmulas, frases prontas e nem respostas fáceis a serem dadas. Nem a Bíblia faz isto.

A vida é a vida. A dor é dor. E o sofrimento de cada um tem a intensidade, a dimensão, o gosto e o rosto de cada um.

O que para você pode não representar tanto sofrimento; para outra pessoa, pode representar um grande sofrimento, e, isto, simplesmente, porque somos seres humanos únicos, individuais e diferentes: com histórias diferentes, experiências diferentes e vidas diferentes. Por isto, cada um de nós sente, entende e percebe a vida de sua própria maneira.

Ainda mais cruel é quando alguém se aproxima de nós, em nome de uma pretensa espiritualidade e faz a famosa pergunta: “Você não tem fé?”

Perdoe-me a franqueza, mas se quem está sofrendo tanto não tivesse fé, não estaria nem mais vivo para ouvir esta pessoa falar tamanha bobagem.

Fé é uma caminhada com Deus, um relacionamento com Ele, algo entre você e Ele.

É fé em Jesus e no que Ele fez na cruz em nosso lugar. É saber que Deus nos amou primeiro e que nada pode nos separar do Seu amor que está em Cristo Jesus, o nosso Senhor.

Questionar a fé de alguém que está sofrendo é, no mínimo, desumano. É fazer como fizeram com Jesus quando passavam por baixo da cruz e diziam: “se Deus te ama, que te livre, agora” ou “se tu és o Filho de Deus, salve-se a si mesmo”.

A única resposta a dar em um momento assim foi a que Jesus deu quando disse: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem”.

Nós não podemos esquecer que a verdadeira espiritualidade precisa ser vestida de gente. Porque ou ela é humana ou ela não é a que Jesus ensinou, porque Ele é a Palavra que se fez carne, o Deus que se fez gente. Ele se fez semelhante a nós em todas as coisas e é capaz de se compadecer de todas as nossas angústias e dores.

Então, se você está se cobrando ou pressionando, por achar que porque você crê em Jesus, deveria estar sofrendo menos do que está, por favor, pare com isto. Você é simplesmente humano.

O que Deus nos dá em meio a tudo que estamos atravessando é esperança, forças, graça, sabedoria, consolação e a Sua presença.

Talvez nós não estejamos conseguindo sentir nem perceber a presença de Deus em meio a tudo que está acontecendo, mas Ele continua presente. Ele nunca foi embora. Ele nunca nos deixou. Ele está aqui e aí presente agora enquanto você lê estas linhas.

A questão é que Deus está presente independente de qualquer coisa que esteja ou não acontecendo. Ele está presente, porque Ele é presente na sua e na minha vida. Ele está presente por ser quem Ele é. Ele está presente, porque, na cruz, Ele fez um compromisso baseado em Sua própria vida e no sangue de Jesus, de que nunca nos deixaria e jamais nos desampararia e de que todo aquele que crê em Jesus tem a vida eterna e não entra em condenação, mas já passou da morte para a vida.

Se você e eu sentimos ou não, isto não muda nada. Ele está aqui e aí, agora mesmo. Mais perto que a sua própria respiração e que o ar que você e eu respiramos neste segundo.

Mas não só Ele está presente, Ele está com você: segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, mês a mês, ano a ano. Todos os momentos de sua e de minha vida.

Nele nós vivemos, nos movemos e existimos, pois somos Sua criação. E se prestarmos atenção, vamos perceber, silenciosa e suavemente, o agir de Deus em pequenas coisas que acontecem em nosso dia a dia.

Eu li sobre um homem idoso e uma criança que se encontraram na rua e chegaram em suas casas dizendo que tinham tido um encontro com Deus. O senhor idoso viu Deus sorrindo para Ele no sorriso puro, sincero e inocente daquela criança e a criança viu Deus olhando para ela no olhar terno e paciente daquele senhor.

Um pequenino gesto de bondade, um pequeno toque de gentileza, uma brisa suave, uma cena do dia a dia, uma palavra de um desconhecido, o sorriso de uma criança, uma lágrima de solidariedade podem ser formas de Deus nos dizer: “Eu estou bem aqui com você”.

Mas mesmo sem nenhuma destas coisas, há uma cena que nunca vai deixar de nos falar do amor com o qual Deus nos ama: a cruz de Jesus.

Deus provou o Seu amor para conosco, no fato de que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Nada nos fala tanto do amor de Deus quanto Jesus, na cruz, entregando a Sua vida por nós.

Se pessoas estão questionando sua fé, por causa de sua dor, não dê atenção. Continue caminhando. Deus não está questionando você, Ele está segurando a sua mão e andando lado a lado com você.

O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

Pense nisto.

Paulo Cardoso

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Quando a alma é sequestrada pela dor

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Alguma vez você já sentiu como se a sua alma estivesse sequestrada pela angústia? Algo como se você tivesse sido feito refém do medo, da tristeza, da dor e da desesperança?

Eu penso que era deste modo que o salmista se sentia quando escreveu: “Misericórdia, Senhor! Estou em desespero! A tristeza me consome a vista, o vigor e o apetite. Minha vida é consumida pela angústia, e os meus anos pelo gemido; falta-me a força devido à minha aflição, e os meus ossos se enfraquecem” (Salmo 31:9,10 – NVI).

Não é interessante pensar sobre como palavras que foram escritas há quase 3000 mil anos atrás podem falar tanto conosco hoje? E como o desabafo de um homem que sofria e gemia, há tanto tempo atrás, consegue descrever com tanta riqueza de detalhes aquilo que tantos de nós sentimos hoje?

Isto me faz pensar que a alma dele era igual a sua e a minha.

Veja que ele diz que está em desespero: sua esperança tinha acabado.

Ele diz que a tristeza consumia a sua vista, as suas forças e o seu apetite.

Em outras palavras, ele não conseguia ver mais nada com clareza e parecia que tudo estava embaçado pelas lágrimas da sua própria dor. Era como se ele estivesse vivendo no meio de um nevoeiro em que ele não conseguia mais enxergar nenhum caminho diante de si.

A tristeza havia se tornado a lente através da qual ele enxergava a própria vida e tudo ao seu redor.

Mais que isto, ele se sentia enfraquecido, cansado, esgotado e sem ânimo para nada.

Ele perdeu o apetite; algo que tem haver com o próprio instinto de sobrevivência que todos temos. Perdeu o prazer, a alegria, o desejo, a fome.

Para ele, a sua vida estava sendo consumida pela angústia e os seus anos pelo gemido. O tempo passava, mas nada parecia mudar.

É aí que ele sente-se sem força e diz que os seus próprios ossos se enfraqueciam por causa da sua aflição.

De alguma forma ou de muitas formas, o corpo dele estava adoecendo por causa da tristeza de sua alma. Não é exatamente assim que acontece conosco?

Se você já sofreu ou sofre com estresse, depressão, ansiedade, fobias, pânico ou qualquer outro transtorno emocional, sabe, exatamente, sobre o que este salmista estava falando.

É quando as emoções começam a procurar um órgão de choque como que para descarregar a sua dor. E aí surge uma série de sintomas físicos que o médico não consegue identificar a causa real, por mais exames que sejam feitos, e que, de fato, são fruto do que está acontecendo na alma da gente. Ou como diz em Provérbios: “O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima” e, mais adiante, “o coração bem disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido resseca os ossos”.

No meio de tudo isto, porém, surge uma luz na escuridão. Mesmo sentindo tudo aquilo, ele ainda sabe que há um Deus a quem clamar: “Misericórdia”.

Mesmo sem sentir Sua presença ou ver qualquer evidência de que Ele estivesse presente ou agindo em sua vida, ele continua falando com Deus. E o que ele pede a este Deus é misericórdia.

Ele apela ao Deus que tem coração para a nossa miséria. O Deus que se compadece da nossa dor. O Deus que sofre com o nosso sofrimento.

E é aí que eu encontro neste Salmo 31, palavras carregadas de uma beleza enorme, quando ele diz, no meio de toda a sua angústia, que vai se alegrar por causa do amor de Deus por ele e porque “viste a minha aflição e conheceste a angústia da minha alma”.

Saber que Deus me ama, gosta de mim, se interessa, se importa, sofre comigo, vê a minha aflição, e que Ele, realmente, conhece a angústia da minha alma, é algo que pode trazer consolo no meio da minha dor.

É neste Deus que você crê?

Porque este é o único Deus que a Bíblia realmente apresenta. O Deus que se revelou em Jesus e que se entregou em uma cruz por amor a cada um de nós. O Deus que estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.

O Deus que se fez homem e se tornou semelhante a todos nós. O Deus que se identificou com a nossa fragilidade, pequenez e sofrimento. O Deus que lidou com todas as pressões, seduções e opressões deste mundo em que vivemos. O Deus que pisou o nosso chão e que se deixou ferir pelos cardos e espinhos desta vida. O Deus que suportou a injustiça, a arrogância e a violência dos homens. O Deus que se deixou pendurar em uma cruz, sangrando, com sede, abandonado pelos seus amigos e zombado pelos seus perseguidores.

Este Deus “cego de amor”, como escreveu um autor, é o único que Jesus revelou.

E este é o Deus que socorreu o salmista em sua dor. O Deus que o resgatou de continuar refém de sua própria angústia e lhe deu segurança e liberdade.

Aqui eu aprendo a quem clamar quando eu também estiver me sentindo desta forma.

Não é uma religião, um movimento, uma instituição ou uma crença. É um relacionamento com uma Pessoa. É conhecer e ser conhecido por Alguém. É ser encontrado e encontrar Aquele que nos amou primeiro. É ser amado e amar o Deus que se revelou em Jesus. É um caminhar no chão da vida, lado a lado, com quem viu a nossa aflição e conheceu a angústia da nossa alma. É simplesmente isto.

Que você e eu possamos conhecer este Deus na face de Jesus.

Pense nisto.

Paulo Cardoso

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