Foi na cruz!

A cruz do Evangelho de Jesus só é diferente de todas as outras milhares de cruzes que foram erguidas, através da História, por causa de quem estava nela. É quem estava nela que faz toda a diferença! É o que Ele estava fazendo ali que faz toda a diferença!

É só quando eu sei quem era Aquele que estava cravado naquela cruz e o que Ele ali realizou e consumou, de uma vez por todas e para todo o sempre, que eu percebo que aquela cruz, é “a Cruz”.

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Paulo Cardoso

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Exibição ou contrição?

Uma espiritualidade que não se veste de honesta, sincera e radical humanidade e verdade é tudo menos aquela que Jesus viveu e ensinou.

Eu lembro quando Jesus conta que dois homens subiram ao templo em Jerusalém para orar. Um era um respeitado membro da comunidade local e participante de um dos grupos religiosos mais zelosos de seu tempo. O outro, ao contrário, era um cobrador de impostos; um pecador assumido, odiado e excluído pela comunidade de seu tempo, em razão do próprio ofício que realizava.

A história continua e Jesus diz que enquanto o cobrador de impostos ficou à distância e não ousava nem mesmo levantar o rosto para o céu, mas batia no peito e dizia: “Ó Deus, tenha misericórdia de mim, que sou pecador”; o outro, respeitado e zeloso religioso, colocou-se em pé, orando de si para si mesmo, com as seguintes palavras: “Deus, graças te dou porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros e nem mesmo como este publicano. Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”.

O interessante é que enquanto um fazia daquele momento um tempo pessoal de encontro, honestidade, verdade, confissão e contrição do coração diante de Deus; o outro, fez daquele momento um tempo de espetáculo, exibição de virtudes, presunções, justiça-própria, autoengano e vanglória diante de si mesmo e dos outros.

O que é interessante é que todos dois subiram ao templo, mas nenhum dos dois ficou morando no templo. Todos os dois tiveram que voltar para casa, para o dia a dia e para a vida.

Só que apenas aquele que foi radicalmente honesto com a sua própria humanidade e queda voltou para casa justificado diante de Deus.

O outro voltou da mesma forma como chegou. Pode até ter voltado com o ego massageado, as emoções arrebatadas e o corpo arrepiado diante da sensação ilusória de sua perfeição, justiça e santidade quando se comparava com os que ele considerava piores do que ele; mas voltou para casa com o interior vazio de qualquer realidade de Deus.

Ele se gloriava em sua fidelidade a Deus e aos Seus mandamentos. Ele se orgulhava de uma justiça que achava que tinha e se jactava de não ser como os outros homens.

No fundo, o que existia dentro dele era a milenar mentalidade da troca e da barganha com Deus que pensa: “eu sou fiel a Deus, jejuo duas vezes por semana, dou o dízimo de tudo quanto ganho e não faço mal a ninguém. Eu faço a minha parte, Deus faz a dele. É uma troca”.

Não é um relacionamento unicamente baseado na fé e na confiança simples que apela como um pobre de espírito para a graça e misericórdia de Deus; mas alguém que confia nas suas próprias obras, merecimentos, realizações, conquistas e fidelidade diante de Deus e que se gaba disto.

Só que Jesus diz que aquele que se exalta será humilhado e aquele que se humilha será exaltado. Em outro texto Jesus afirma que aquele que é exaltado diante dos homens é abominação diante de Deus.

A verdade é que só recebe a justiça de Cristo quem reconhece não ter justiça alguma diante de Deus.

Só é vestido com a graça de Deus quem chega reconhecendo estar nu e flagrante diante dele. Deus só enche mãos completamente vazias. Deus só lida com a verdade do ser de cada um.

Agora é aí que está o problema de muitos de nós.

Porque nós não enxergamos como podemos transformar o que chamamos de “espiritualidade” em apenas mais uma forma de tentar impressionar a Deus e às outras pessoas e de mentirmos para nós mesmos, fugindo da verdade que habita o nosso íntimo.

Mas foi exatamente isto que o cobrador de impostos da história que Jesus contou não fez. Porque ele foi honesto, verdadeiro e contrito diante de Deus.

Seu culto e oração não foram os da atuação, do desempenho pessoal, das realizações de fé, das demonstrações de poder e muito menos os da exibição de piedade, justiças e santidade.

Ele chegou e falou a verdade radical do mais íntimo do seu ser: “Ó Deus, tenha misericórdia de mim, que sou pecador”.

João escreve, em sua primeira carta, que se nós dissermos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos e a verdade não está em nós.

É aí que aquele homem não estava pedindo justiça, como se ele fosse tão maravilhoso, que até Deus estivesse em débito com ele; mas estava pedindo misericórdia e apelando para a graça de Deus: seu favor não merecido.

Não havia ali nenhuma pretensão de controlar Deus ou de dizer a Ele o que fazer ou como fazer.

Não havia ali nenhuma atuação, performance, produção ou esforço de parecer ser quem não se é para impressionar quem quer que seja.

Não havia ali nenhuma exibição de virtudes e realizações de fé; mas as palavras de alguém que concorda com Deus a respeito de sua real natureza e condição.

Não havia ali nenhuma viagem interminável de culpas ou penitências emocionais; apenas a confissão sincera da verdade do íntimo: “eu sou pecador”.

Não havia ali um ser apavorado diante de Deus; mas, um ser contrito diante dele. E isto porque ele não está confiando nem dependendo de si mesmo ou de suas justiças e merecimentos; mas, unicamente, da misericórdia deste Deus.

Não havia ali nenhum tipo de mediador ou qualquer personagem humano que exerça algum tipo de gerenciamento ou controle no relacionamento entre aquele homem e Deus. Pelo contrário, ele, simplesmente, chega e por si mesmo abre o coração. Deus o ouve, o justifica e ele desce para casa perdoado.

Não havia ali nenhuma confissão positiva, declaração de vitória, discurso de triunfo, palavras de ordem ou orações poderosas sendo apresentadas; apenas, um ser humano que chega, quebrantado e humilde, bate no peito, em lamento, e confessa, com coração sincero, a verdade do seu interior para o Deus que tudo e todos conhece.

Não havia ali nenhuma necessidade de estar no meio das multidões e muito menos diante delas, buscando delas, ainda que inconscientemente, aprovação e recompensa; mas, simplesmente, um homem que fica ao longe e nem mesmo tem coragem de levantar a cabeça ao céu, mas que atrai o próprio céu ao íntimo do seu ser.

Não havia ali extravagâncias, exageros ou a tentativa de chamar a atenção para si mesmo; mas, apenas, a verdade do coração que só interessava a ele mesmo e a Deus. E é por isto que aquilo que ali acontece é só entre ele e Deus.

Não havia ali nenhuma repetição de chavões, jargões ou frases de efeito; mas, uma confissão profundamente pessoal e única que nasce do seu próprio coração. A oração é dele e só dele.

E é o coração dele que o ensina a orar daquela maneira e com aquelas palavras. É o enxergar-se à luz da verdade que o ensina a orar assim.

Não foi nenhuma cartilha, nenhuma apostila e nenhum manual, foi o coração.

Ali está um homem diante de Deus. A criatura diante do Criador. O servo diante do Senhor. O barro diante do Oleiro. O filho diante do Pai. E tudo que se espera dele é a verdade do coração.

São pouquíssimas as palavras ditas, mas a resposta é tudo que ele necessita. Ele desce para casa justificado.

Jesus contou esta história para nos ensinar a não confiarmos em nossas próprias justiças e nem julgarmos ou desprezarmos as outras pessoas.

Lendo a história, com quem nós nos parecemos?

Nunca vamos nos esquecer que aquilo que realmente importa é como, no final de tudo, você e eu vamos para casa e para a vida.

Aquele homem foi para casa justificado diante de Deus.

Pense sobre isto.

Paulo Cardoso

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